D. Lilia Fonseca foi a responsável por resgatar uma antiga tradição de Tiradentes (MG) que estava quase desaparecendo, o ato de se colocar uma cruz nas portas das casas para serem abençoadas na passagem do dia 3 de maio, quando a Igreja Católica relembra e celebra o dia em que Santa Helena encontrou a Santa Cruz de Cristo. Seu marido, faz uma pequena cruz de madeira que ela delicadamente reveste com tiras de papel crepom branco ou colorido. Uma peça singela e delicada que chama a atenção de quem passa pela cidade pois as encontramos nas portas da grande maioria das casas.
Para mim esse seu gesto traz consigo um misto de fé e esperança, a crença de que a vida continua e o desejo de que Nossa Senhora abençoe a todos nós. Sua vontade de dar mais significado à vida foi inspiradora e assim suas cruzes viraram terços e rosários, saíram das fachadas e integraram obras de arte e livros de tendências. Mas como ela mesmo diz: “Não sei ficar à toa, adoro inventar uma moda!” Então pedi a ela que me ajudasse a encontrar soluções para a chuva de pompons iluminados que eu tinha em mente. Levei papel crepom e alguns tipos de lâmpadas e afins para que ela estudasse as possibilidades. Ela pegou tudo aquilo e depois de alguns dias me mandou mensagem avisando: “Já está pronto Fernanda, acho que você vai gostar”!
Com seus ensaios em mãos voltei para São Paulo e continuei o processo de criação da Luminária Matriz. Queria uma estrutura tão delicada quanto D. Lilia para estruturas os fios e encontrei nas pinturas do teto da Igreja Matriz de Santo Antônio, feitas no decorrer do século XVIII, o desenho perfeito não só para a estrutura, mas também para as volutas que se entrelaçam aos fios, representando a mãe, que liberta os filhos para o mundo, mas não deixa nunca de olhar por eles. A Luminária Matriz faz parte da Coleção Artesãos, apresentada em Junho na MADE 2018.