Num misto de férias com trabalho, quando fui conhecer Urucureá, em julho, optei por me hospedar em Alter do Chão, que fica a aproximadamente duas horas de barco de lá. Sou apaixonada por viagens e gosto de me hospedar em lugares mais aconchegantes, onde somos vistos como pessoas e não apenas como hóspedes, sabe?

Eu sigo pelo Instagram alguns hotéis em que já me hospedei e outros em que sonho em me hospedar. A Pousada Vila de Alter era um desses lugares. Seus posts sempre me transmitiram um algo mais de carinho, de cuidado, de respeito, com o ser humano e com a natureza ao seu redor. Pude constatar ao vivo que minha intuição estava certa, e que na verdade lá era muito mais do que havia idealizado. Quando chegamos lá nos tornamos parte de uma família, nos tornamos amigos, somos acolhidos, como um abraço de mãe.

A Andrea e a Regina são mais que proprietárias e responsáveis por todos os detalhes da pousada, elas amam aquele lugar! E isso é sentido em cada canto, em cada sorriso sincero, em cada café da manhã delicioso servido com esmero na varanda particular de cada um dos 6 bangalôs.

Lá a gente acorda com o canto dos pássaros, passeia por entre borboletas a caminho da ducha, e é recebido com café e biscoitos quando voltamos dos passeios pela região. Se dermos sorte ainda podemos observar as preguiças delicadas e silenciosas, ou os agitados bugios que não fazem a mínima questão de passarem desapercebidos.

Foi a primeira vez em que me senti realmente “em casa” mesmo estando a 3.393km de distância dela!

Voltei para lá em setembro para trabalhar com as meninas em Urucureá e também para assistir ao Sairé, uma das mais antigas manifestações folclóricas da região, da qual fazem parte ritos religiosos, procissões, ladainhas, levantamento de mastros e o Festival dos Botos, marcado pela disputa dos botos Tucuxi e Cor de Rosa. Uma questão de saúde me fez voltar antes do festival, mas mesmo ficando apenas 2 dias por lá, consegui realizar muita coisa.

A nova coleção da Yankatu, Alma-Raiz, começou a surgir dessa história, dessas vivências e aprendizados. Agora volto para lá para passar cerca de 20 dias trabalhando envolta pela natureza magnífica da região, acolhida mais uma vez pela Vila de Alter, fazendo parte da comunidade de Urucureá sentada embaixo da mangueira. Só que desta vez não irei só! Em alguns momentos estarei acompanhada pelo querido Marcelo Oseas, que irá documentar me trabalho através das suas lentes, que tenho certeza que captarão como ninguém a alma das paisagens e das relações que fluem naturalmente, em outros momentos quem me acompanhará será o meu maninho Sergio Cabral, adotado como irmão caçula, e sua amiga Helena Camargo, que tenho certeza que se tornará minha também. O que eles irão fazer lá é surpresa, prometo contar assim que tiver autorização 😉