BUFÊ ABRIGO, 2021
Abrigo para a vida e as tradições, abrigo que acolhe e nutre. O bufê Abrigo nasce inspirado na arquitetura da oca, em sua estrutura que une tronco por tronco e mostra a força do todo, nessa união feita por abraços apertados de casca de embira, na cobertura delicada feita com palha de buriti, que protege do vento, do frio e da chuva.
Na oca vivem famílias inteiras, dentro delas eles comem, dormem e muitas vezes trabalham. É lá que os jovens ficam durante o período de isolamento quando a natureza transforma os corpos infantis em corpos adultos e os pais transmitem os ensinamentos que ajudarão a mente a acompanhar esta transformação.
A oca é o lugar que mantém intactas as tradições, a identidade e a cultura do povo Mehinaku. É essa sensação de abraço, de acolhimento e proteção que o Bufê Abrigo visa transmitir, seja nas formas ovaladas, seja no movimento das portas que deslizam ao abrir e fechar mantendo sempre visível sua história. Nele também estão presentes a tradição e a contemporaneidade. A tradição no tecer da esteira e no desenho do jacaré, tão presente na realidade diária da aldeia, a contemporaneidade nos cilindros de cabreúva que substituem os talos de buriti e na mensagem que o jacaré profetiza e espalha ao vento tentando alcançar o mais longe possível.
Por meio de aulas em vídeo captadas e enviadas via Whatsapp pelo Kulikyrda Mehinaku, eu aprendi com as mulheres da aldeia como se tece uma esteira tradicional, com talos de buriti e movimentos rápidos de vai e vem, que levam fios de algodão coloridos, criam grafismos e transbordam vida. Eu não pude estar com elas lado a lado nesse aprendizado, mas pude sentir seu calor e afeto guiando minhas mãos e minha alma enquanto tecia suas histórias com cilindros de cabreúva. As aulas foram remuneradas e o dinheiro recebido ajudou-as a enfrentarem as dificuldades do início da pandemia no Brasil, em meados de 2020.
Esta peça é minha maneira de homenagear o povo Mehinaku que me recebeu e acolheu, que compartilhou comigo saberes e histórias ancestrais e me ensinou a ver o mundo através do seu olhar.
MATERIAIS
Madeira cabreúva maciça e fios de algodão tingidos com matérias-primas colhidas no entorno da aldeia Kaupüna.
MEDIDAS
47 1/4 x 118 1/8 x 17 3/4 in
120 x 300 x 45 cm
PROVENIÊNCIA
Fios de algodão tingidos por Mattricaria, Brasília, DF – Brasil
Cascas e folhas das árvores e palmeiras utilizadas na construção das ocas e na produção dos artesanatos, colhidas por Kulikyrda Mehinaku no entorno da aldeia Kaupüna, Território Indígena do Xingu, MT – Brasil.
EXPOSIÇÕES
2021 | Exposição Passagem | SP-Arte Viewing Room | Exibição online
2021 | 30 Sec of Design | Design Pier, Hong Kong | Exibição online
EDIÇÃO
Edição limitada – 08 peças.