PASSAGEM
Que é a arte, afinal, do ponto de vista emotivo,
senão a linguagem das forças inconscientes
que atuam dentro de nós?
Mario Pedrosa
Maria Fernanda Paes de Barros emerge de sua crisálida e apresenta sua primeira obra, “Passagem”. Decididamente contemporânea, ela vai direto ao ponto. Através de uma estética poética muito bem-sucedida, ela traz o espectador de volta às origens do Brasil, questiona a passagem do tempo e nossas energias inconscientes.
a passagem do tempo e
a herança indígena
As obras de arte dignas desse nome nas artes plásticas, em geral, nascem sempre em um momento preciso. Elas vêm de longe, após um longo exercício que sucede o acúmulo de rascunhos, ou um longo e silencioso amadurecimento feito de observação, pensamento e experiência. Nesse caso, a obra nasce ja pronta, fruto de um caminho longamente percorido. Não importa, então, a carreira, o número de obras precedentes, pois o fruto está maduro e a obra nasce quase a despeito de seu autor.
Com “Passagem”, Maria Fernanda Paes de Barros oferece aos espectadores anos de reflexão. É uma obra que se enquadra perfeitamente no século XXI. Ela não poderia ter sido vista ou compreendida antes. Derivada da Land art, sem dúvida … talvez sociológica, seu conceito nos faz olhar para o passar do tempo, mas também para a herança indígena. Projetada para ser exibida em áreas externas, a obra também pode ser exibida em áreas internas. A artista utiliza materiais comuns que evocam “O louvor do solo”, as Matériologies ou as Texturologies do grande teórico francês da Art Brut, Jean Dubuffet (1901-1985).
Marc Pottier
curador