Liberdade e leveza são duas constantes na minha vida, das quais não abro mão. Amadurecer não é simples, mas chegar aos 50 anos tem muitos pontos positivos, com certeza, e acredito que esse seja um deles.

Sempre pensei diferente da maioria e por vezes isso me fez sentir perdida. Hoje sei que este é meu ponto forte e ser transparente é uma benção. Falo e faço aquilo que acredito e é isso que levo comigo cada vez que inicio um mergulho em universos que não são os meus.

Urucureá é sonho e realidade, é o Brasil puro e também duro, é belo na sua simplicidade e autenticidade, valores que as vezes deixamos de lado no dia-a-dia urbano. É essência.

O coletar da palha de tucumã, a limpeza dos espinhos, a abertura, a secagem, tudo feito num ritmo outro que não o do relógio. O som dos pássaros e dos bugios se misturam ao som da palha, aos risos, as palavras levadas pelo vento e tão perenes na sombra daquela mangueira.


A natureza exuberante do entorno, casas de pau a pique e sapé, palhas coloridas, tachos no fogo, crianças brincando em ritmo de férias. Tudo é luz! É energia que envolve, que abraça, que acalma a alma e descansa a mente.

A floresta trançada nos cestos transborda o verde e as cores, e as meninas moças sentadas em roda, em banquinhos ou pedras, seguem sua intuição e não se apercebem do seu valor.

Contam histórias através das tramas, histórias de cada um e de todos. Recriam histórias para que continuem vivas, desafiando sua existência a todo instante. Ali, naquele trançado está parte da história do Brasil, da cultura indígena, das tradições dos povos ribeirinhos, das nossas tradições como brasileiros que somos.

Artesanato é cultura.

Ele nasce carregado de significados, de porquês. Ele reflete parte da nossa história. Ele vive em sintonia com a natureza ao seu redor. Ele retrata sentimentos e emoções.

Através de um olhar cuidadoso, repleto de respeito e admiração, a cada dia entendo um pouco mais sobre esse universo fascinante e os artistas incríveis que o traduzem através das mãos.
A coleção ALMA-RAIZ nasce desse meu mergulho cada vez mais profundo na identidade brasileira. Quero através dela perpetuar o que pulsa a terra, pois é nela que estão nossas raízes e nossas tradições.​

Uma coleção que rememora o passado ao mesmo tempo que reaviva o presente, ela nos mostra o quanto nós, brasileiros, somos plurais, e que transitar pelos diferentes universos da nossa cultura é um grande privilégio.

Suas peças coabitam com a simplicidade das casas de sapé e com a grandiosidade dos espaços de cidades como São Paulo, mantendo sua essência intacta. Peças que mostram que a tradição convive harmonicamente com a o olhar contemporâneo e as inovações tecnológicas. Peças para levarem adiante o artesanato brasileiro na sua mais pura essência e nos lembrarem todos os dias o valor do povo brasileiro.

Convido todos vocês a virem me conhecer pessoalmente e entender o design com alma que está por trás de cada peça da Yankatu que este ano se destaca através da coleção ALMA-RAIZ

A convite Belas Arte abrirei o Belas Artes Design Week com a palestra Antigos Saberes, Novos Olhares, falando sobre ancestralidade e o design como ferramenta de transformação, na segunda-feira, dia 19/08, às 10 horas, no Espaço Multiuso, Unidade 3.

Entre os dias 22 e 25/08 lanço a coleção ALMA-RAIZ, na MADE – mercado arte e design, no Pavilhão da Bienal, no Parque do Ibirapuera, em São Paulo. Estarei lá praticamente todos os dias, com exceção da sexta-feira, dia 23/08, quando, a convite da ADP – Associação dos Designers de Produto, participo de uma mesa redonda sobre Business Design aplicado ao setor Social, às 14 horas, no IED – Istituto Europeo di Design, na Rua Maranhão, 617, ao lado de Anderson Falcão, Erico Godim e Rodrigo Ambrósio, com mediação de Cadu Silva.

Ufa, muita emoção! Como vocês podem perceber acho que não sobrará muita energia para comemorar o aniversário, então tirarei alguns dias para me reconectar com a natureza, só que desta vez aqui pertinho de São Paulo.

Espero conhecer vocês em algum desses momentos tão importantes.

Com carinho,
Maria Fernanda Paes de Barros