SABER ESCUTAR – A SI E AO OUTRO

 

“O mundo não precisa de mais uma cadeira. Não dá mais para o designer criar por criar, é preciso que ele entenda o seu papel. É preciso que ele tenha identidade e propósito.”

Foi com essa frase que teve início o curso de design de mobiliário ministrado pelo professor Ricardo Schirmer.

Ao escutá-lo entendi que para isso eu precisava escutar a mim também. Mergulhei em busca da minha identidade e, ao entender quem sou, minhas raízes e meus valores, fui capaz de transportar essa bagagem para as minhas criações. É na minha história e na maneira como eu vejo o mundo que está a minha identidade enquanto designer e artista.

Nós não estamos sós no mundo e se escolhermos ser designers ou artistas é porque queremos nos relacionar com este mundo e as pessoas que nele habitam. Para isso precisamos escutar também o que os outros têm a nos dizer, nos visualizarmos dentro de um contexto maior do que nós mesmos e entendermos qual é o nosso papel enquanto estamos de passagem por aqui.

O olhar sensível do curador Marc Pottier me ajudou a reconhecer que em mim também habita a arte e que não há fronteiras para as minhas criações.

O design e a arte transformam. Transformam a relação das pessoas com as obras e objetos e também entre si. Eles podem facilitar ou atrapalhar, podem alegrar ou entristecer, carregando em si as mensagens que queremos transmitir. Designers e artistas são também disseminadores de conhecimento e contadores de histórias. Por meio do meu trabalho busco apresentar o valor e beleza das tradições ancestrais e as inúmeras possibilidades de uso que mantém intactas suas essências, valoriza os artesãos e artesãs responsáveis por mante-las vivas e incentiva a sua continuidade.

Viajo pelo Brasil e pelo mundo com a certeza de que a vida é um constante aprendizado, pronta para escutar os artesãos e artesãs têm a dizer, enxergar além do óbvio e trazer à tona as suas histórias, inclusive aquelas que muitas vezes não estamos acostumados a ouvir.

Te convido a me acompanhar por comunidades e aldeias, grandes cidades e florestas, por técnicas diversas e tradições ancestrais, por mergulhos em vidas e histórias, por ensinamentos e aprendizados numa busca constante por significados que nos façam ir além.