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MADE 2019

22 à 25 de agosto

É incrível como alguns acontecimentos coincidem com o nosso momento atual e nossa perspectiva para o futuro. Quando isso ocorre, é um momento quase mágico, que ultrapassa o nosso entendimento, mas que nos trazem muito aprendizado e nos reconecta com nossos propósitos.

ALMA-RAIZ, a nova coleção da Yankatu, surge desse encontro (ou reencontro) da designer e criadora da galeria de arte, Maria Fernanda Paes de Barros, com Urucureá, comunidade ribeirinha próxima a Alter do Chão, no Pará.
Atravessando o rio Tapajós, partindo de Alter e cortando o rio Arapiuns, chega-se a essa região pouco conhecida e extremamente rica do Brasil, onde técnicas ancestrais de cestaria são mantidaspelos moradores da comunidade. “Resolvi conhecer Alter do Chão em uma viagem de férias para recarregar as energias. Ao mesmo tempo, estava procurando lugares no Brasil onde pudesse me inspirar para uma próxima coleção. Foi quando a Artesol (Rede Nacional de artesanato solidário)
indicou Urucureá que, para a minha felicidade, ficava a duas horas de barco de Alter. As passagens para lá já estavam compradas antes de saber que, naquele lugar, eu encontraria não só a paz que procurava, mas também a fonte inspiradora de toda a nova coleção. Foi uma feliz e simbólica coincidência”, explica Maria Fernanda.

LOCAL
Pavilhão da Bienal, SP – Brasil

curadoria
Waldick Jatobá

vivendo com as artesãs em diferentes épocas de 2018 e 2019, a designer foi, aos poucos, conhecendo mais profundamente o trabalho de cada uma delas, e vendo onde poderia contribuir para o aprimoramento e a evolução desse ofício. “Quando vou conhecer uma comunidade, me preocupo com a abordagem. Sempre prefiro conhecer a história de um povo através da oralidade, das histórias que aprendo com cada um deles. É um processo lento, com respeito a essa cultura, que me sinto à vontade para oferecer algo que possa enriquecer o dia a dia dessas pessoas”.

O trançado, feito por homens e mulheres artesãos, é produzido com a palha tingida com folhas, raízes e frutos encontrados na região. “Da raiz da mangarataia, surge o amarelo, mas se acrescentarmos o urucum, ganharemos o laranja; já o vermelho nasce através das folhas de crajiru que, se misturarmos à caapiranga e ao sol, ganhamos o roxo. Com o jenipapo, conseguimos o preto e, da sua união com a mangarataia, surge o verde.” Dessa paleta institivamente rica e única, nasce a palha colorida, que dá vida às peças.

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Maria Fernanda despertou para uma coleção que une o saber ancestral do trançado de palha de tucumã, com um novo olhar. Como uma nova maneira de resgatar a memória desse povo, que tem origem na etnia Borari, a designer desenvolveu, em conjunto com as artesãs, novas peças que trazem a riqueza da cultura indígena, com uma linguagem contemporânea.


A designer levou para a comunidade placas circulares de madeira, com as quais as artesãs puderam enxergar novas possibilidades para a produção. Como resultado, foram criados bancos e mesas com a beleza da palha trançada e todas as suas cores. “Para esta linha, quis trazer as versões das cores puras em composição com o a palha em estado cru, por isso algumas peças são bicolores.

Mas também quis mostrar a riqueza do trabalho multicolorido desse povo, então uma das peças tem o trançado formando um tucano em diversas tonalidades vibrantes e o trabalho minucioso e artístico de uma das meninas de Urucureá”, conta Maria Fernanda. Alma-Raiz vem como uma reinvenção da tradição, um novo sentido para as origens da identidade brasileira.

Para enriquecer ainda mais a linha, Maria Fernanda convidou a talentosa Susana Fernandez para conceber uma peça em tricô de palha e cobre. É uma versão moderna do nosso fazer artesanal. “Penso sempre que o processo tem como objetivo ser uma troca entre todas as pessoas envolvidas. Por isso levei Susana para ensinar as meninas a trabalhar a palha na técnica do tricô. É uma maneira de oferecer um novo aprendizado”.

A coleção será apresentada durante a MADE – Mercado Arte Design, em agosto. Para o evento, Maria Fernanda elaborou com as meninas de Urucureá pequenos cestos, cada um contendo um pingente assinado por Susana Fernandez, que resumem a coleção em sua essência: o resgate de uma cultura genuinamente nacional e suas belezas plurais, em uma linguagem que se comunica com os nossos dias. “Alma-Raiz nasce carregada de significados sobre o artesanato: ele reflete parte da nossa história, vive em sintonia com a natureza ao seu redor e traduz sentimentos e emoções de forma espontânea, instintiva. Alma-Raiz nasce desse meu orgulho cada vez mais profundo pela identidade brasileira”.

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